Morte de René Descartes

Logos

No dia 11 de Fevereiro de 1650, morre René Descartes aos 53 anos de pneumonia, sendo um dos principais filósofos do racionalismo do século XVII. Descartes deixa sua marca na história ao romper com o aristotelismo escolástico, ao formular uma “versão moderna” do problema entre “corpo e mente”: ao estabelecer metodicamente a dúvida (Dubito, ergo cogito, ergo sum), Descartes rejeita o conhecimento pré-estabelecido por uma autoridade (na época os escolásticos). 

Mesmo com seus esforços em desenvolver uma racionalidade que “provasse a existência de Deus”, Descartes foi acusado de ateísmo, tendo sua obra banida pela igreja católica e sendo acusado por ninguém menos que Blaise Pascal, por estar “deixando cada vez mais de lado Deus de sua filosofia”. De certa forma, é importante lembrar que Descartes era contemporâneo de Galileu Galilei em uma época em que filósofos constantemente precisavam modificar seus textos para evitar perseguição da igreja, Descartes arquivou um dos livros no qual ficou quatro anos trabalhando (O Mundo ou Tratado da Luz) marcado uma filosofia natural extremamente mecanicista, ele temia que fosse perseguido pela igreja caso o publicasse. Outros grandes racionalistas da época, como Baruch de Espinosa (que tinha uma visão naturalista ainda mais radical que a de Descartes) precisavam de extrema cautela: “cauté”; ao escrever seus textos. No caso de Espinosa, foi um autor não muito citado sendo “redescoberto” por filósofos contemporâneos não há muito tempo atrás.

O Método Cartesiano

O livro mais conhecido de Descartes é o Discurso do Método, aonde desenvolve o pensamento racional e crítico em busca de “verdade absolutas”. Embora ainda distante do método científico que conhecemos hoje, foi um pensamento revolucionário para época e essencial para desenvolvimento da ciência ocidental. Seu pensamento teve grande influência na geometria analítica pelo Sistema de Coordenadas Cartesiano, fortemente influenciado pela geometria euclidiana (referente aos pensamentos de Euclides 300 a.C.), ao apresentar a ideia de especificar a posição de um ponto no espaço pelo cruzamento de duas linhas (conceito melhor desenvolvido em La Géométrie).

O método cartesiano de investigação dedutiva era descrito por Descartes em quatro regras:

  • Evidência: A princípio, não reconhecer nada como verdade, a não ser que se reconheça uma evidência como tal: evitar a precipitação e os julgamentos pessoais na análise do objeto sendo estudado. A base da evidência seria a do ceticismo e dúvida.
  • Análise: do grego: analyein (ana: para cima + lyein: separar, decompor) – A análise neste sentido consistia em decompor o objeto de estudo em várias partes, para facilitar que cada uma pudesse ser resolvida individualmente de forma objetiva.
  • Síntese: significa composição, mistura, junção: sendo o “oposto da análise”, seria organizar as partes e resolvê-las, categorizando-as das mais simples as mais complexas, a busca era de ordenar e organizar as partes do objeto de estudo.
  • Enumeração: Enumeratios, a última etapa que levaria “conclusão” do objeto de estudo seria de revisar todas as as partes, organizar e checar uma a uma, de modo a conferir toda a teoria. A enumeração deve ser tão completa e geral a fim de se chegar as certezas de que nada se tem a omitir: das quatro etapas, a última é a mais complexa e talvez seja o ponto mais frágil da filosofia cartesiana.

A Origem do Filósofo Psicodélico

Tirinha Penso, logo existo
Trinha "Penso, logo existo" Jogada ao Mundo 5 de Setembro de 2018

A primeira publicação do Filósofo Psicodélico foi no dia 4 de Setembro de 2018, onde a cunhada frase “Refletindo sobre a necessidade de existir, decidi me inventar” estabelecido como o Capítulo I do convoluto e estéril universo vazio da recém fundada “Escola da Filopsicodelia”. Sendo tal como o Deus de Espinosa, Filósofo Psicodélico (ou Mon’Phi) é causa eficiente de si mesmo, transitando entre estados de existência e não existência ao ser confrontado com as máximas do Cartesianismo. Apenas Fibonatt através da geometria áurea é capaz de transitar entre estados e não estados, encontrando Mon’Phi aonde quer que ele vá, sendo provavelmente a única testemunha permanente de sua existência.

Sendo assim, Mon’Phi é uma contradição ambulante, sua única conexão com a realidade é uma trança que o conecta com a árvore da vida, sustentada pelos espectro luminoso, possuindo as sete cores em seu cabelo.

Em homenagem a morte do Descartes, o absurdo da Fisopsicodelia pode ser analisado (em vão) pelo cartesianismo:

  • Evidência: Um artista resolve jogar seus delírios ao mundo. É algo duvidoso e questionável se a origem do personagem vem da “vontade do artista de criar” ou se vem da “vontade da natureza e do próprio Mon’Phi que se utiliza do artista como ferramenta para existir”.
  • Análise: É possível decompor os elementos fisopsicodelianos em fragmentos menores, mesmo que isso seja blasfêmia: corta-se a trança de Mon’Phi em sete, tentando reconhecer o que cada etapa de sua vida simboliza em um plano maior, da mesma forma como se analisam anéis de uma árvore. Nessa época, novos aspectos se mostram (Ka-Oh, Ha-on, Luci, Keruv, apenas Fibonatt é uma existência a parte).
  • Síntese: A junção de todas as partes da problemática fisopsicodeliana se dá pelo elemento de ordem maior: Fibonatt com a sequência numérica de Fibonacci, juntando as partes menores as maiores (1+1=2; 1+2=3; 2+3=5; 3+5=8…). Sendo assim, o universo fisopsicodeliano tende ao infinito numa expansão em espiral.
  • Enumeração: Conclui-se que é humanamente impossível processar o infinito que a fisopsicodelia representa, concluindo que o próprio autor não sabe exatamente o que está fazendo. portanto, a teoria inicial de que o Filósofo Psicodélico vem puramente da “vontade do artista” é falsa. No entanto, não é possível comprovar que o artista em questão seja usado como ferramenta para “Mon’Phi existir”, a tese mais aceitável talvez seja a de que ele exista de forma independente, as tirinhas e histórias em questão são apenas colisões entre o universo real tangível e o universo fisopsicodeliano.

Referências:

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