Dia 26 de Janeiro é o dia da gula: seria um dia para comemorar os excessos com moderação ou conscientização de “gula” como “pecado capital” e instituir um sentimento de “culpa” que, ironicamente, alimentaria retroativamente um distúrbio de consumo? Seria a instituição exacerbada de culpa, presente no imaginário popular, algo pior do que a própria culpa?
A gula, palavra em latim que remete a goela, garganta, se limita ao ato de comer além do necessário para sobrevivência, um excesso, um prazer. Mas é possível ampliar o significado da palavra para outras áreas da vida: gula por saber, gula por livros, gula por música, por cultura: fisiologicamente, essas coisas são necessárias a vida, ou são um excesso? Qual a importância sociocultural de todo excesso, tudo aquilo que “a gente não precisa”? O desnecessário é tão desnecessário assim?
Talvez esse post seja o mais inútil de todos os 365 do ano, um “crime de gula”: a própria filosofia talvez possa ser entendida como um excesso, filosofia para que? Independente das razões (ou da falta delas) talvez esse seja a única ilustração que vá fazer jus ao nome “Filósofo Psicodélico”, então faço um brinde a gula, uma apologia aos inutensílios e uma ode aos excessos (com moderação).