A execução de Giordano Bruno

Logos

No dia 17 de Fevereiro de 1600, é executado no Campo de’Fiori pelas autoridades papais o visionário Giordano Bruno, por “crimes de heresia”. O motivo real de sua execução é desconhecido pela falta de documentos, porém o principal motivo era por ser um seguidor de Copérnico e Galileu Galilei, que propuseram o modelo heliocêntrico.

Apesar de não ter feito grandes contribuições para o campo da astronomia, Giordano era mais conhecido por ser um grande visionário, e talvez por isso fosse considerado mais perigoso para a Igreja na época: mesmo Galileu tendo comprovado que a Terra girava em torno do Sol (teoria proposta por Copérnico) ele era relutante em publicar o livro, com medo de ser perseguido. Já Giordano tinha suas visões de mundo bem conhecidas e passou boa parte de sua vida fugindo pela Europa: fugiu pela primeira vez quando era um frade dominicano, quando seu interesse por técnicas mnemônicas, platonismo e teologia controversa levantaram suspeitas do monastério. Ele visitou a França, Suíça, Inglaterra e Alemanha, associando-se a figuras como o rei Henrique III da França e Sir Philip Sydney.

Estando no meio de um cenário de reforma protestante, se via frequentemente forçado a fugir, quando a violência religiosa aumentava nas cidades onde estava: frequentemente era destituído por autoridades eclesiásticas, tanto protestantes quanto católicas. Voltou para Itália em 1591, acreditando que estava seguro. Foi denunciado por um patrono e preso pelas autoridades venezianas, que o prenderam e torturaram por 7 anos.

Dentre todas suas influências, Giordano Bruno tinha grande interesse em estudos herméticos e ocultistas, agregando a ele também a acusação de “feitiçaria”: além da “heresia” que era a defender o modelo heliocêntrico, Giordano ia além: imaginava que todas as estrelas eram infinitos sistemas solares, cada um com seus planetas e diferentes formas de vida, algo que ia totalmente contra a visão da igreja, que colocava a humanidade no centro do universo com um Deus como “exclusivo a nós”: para Giordano, se Deus era infinito, sua criação deveria ser infinita também. Ele ainda profana Deus (profanar no sentido de “tornar comum”)  ao defender a ideia de “Deus imanente”, ou seja, um Deus que estava presente em toda criação, e não isolado num “plano transcendente distante”. Sua teoria era a de um “planeta vivo”, que era nossa ama e nossa mãe: as ideias de imanência aparecem posteriormente na filosofia racionalista de Baruch de Espinosa (nascido em 1632, pouco mais de trinta anos após a morte de Giordano).

Por ter se tornado um mártir para a ciência e o pensamento livre, ergueram uma estátua em sua homenagem na praça Campo de’Fiori, em Roma, no mesmo local onde ele foi executado na fogueira.

Referências:

Deixe um comentário