Dia do Quadrinho Nacional

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Dia 30 de Janeiro 1869 é lançado o que é considerado por muitos a primeira história em quadrinhos já produzida (ainda que Yellow Kid, de Richard Outcault(1895) seja considerada a primeira HQ moderna, seja lá o que isso signifique): As aventuras de Nhô-Quim ou impressões de uma viagem à corte, publicada pelo jornal Vida Fluminense, pelo italo-brasileiro Ângelo Agostini.

Ângelo Agostini nasceu na comuna italiana de Vercelli em 1843, estudando desenho em Paris e concluindo o curso em 1858. Vindo para o Brasil com apenas 16 anos, Agostini publicou em vários jornais de São Paulo, fazendo caricaturas para O Diabo Coxo (1864-1865) e o Cabrião (1866-1867). Ambos tiveram duração curta pelo teor satírico contra a ordem social do império, a monarquia e a ordem religiosa, além de criticar os eventos correntes da guerra do Paraguai.

Mesmo perseguido, consegue continuar com suas publicações, visto que o jornal tinha apoio financeiro dos leitores, chegando a ter 4 mil assinantes: mesmo com alta taxa de analfabetismo (o ensino ainda era pouco acessível na época) o modo de contar histórias com ilustrações sequenciais em Nhô-Quim era revolucionário, tornando o jornal de alta relevância política na campanha abolicionista no Brasil, que visava o fim da escravidão: Ângelo fazia em Nhô-Quim severas críticas diretamente a Dom Pedro II, expunha em sua arte de forma cruel e gráfica de como os escravos eram torturados e mortos pelos grandes burgueses latifundiários da época. O autor ainda expõe nuances pouco conhecidas e estudadas na história do país, como a escravidão de orientais (feita pelo autor em 1878, no 3º ano de publicação da Revista Illustrada), temas como o carnaval no Brasil, campanhas de saúde pública e detalhes do que era o cotidiano da corte.

Sendo um artista marginalizado em relação ao império, Agostini passa a ter destaque pelo posicionamento contra a escravidão pela parte dos intelectuais e jornalista da época a partir do ano de 1880 (lembrando que a escravidão foi abolida apenas 13 de maio de 1888), o papel de sua arte até os dias de hoje mostra que, mais do que um produto comercial voltado para o entretenimento, histórias em quadrinhos podem ser um grande instrumento político.

Referências:

  • Notícias do Acre – Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos é celebrado neste domingo
  • Revista o Grito! – Quem foi Ângelo Agostini, autor pioneiro que inspirou o Dia do Quadrinho Nacional
  • Blog da BBM – O Cabrião (1866-1867): Pena e tinta a serviço da sátira humorística

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