Dia 20 de Fevereiro de 1844 nasce em Viena na Áustria Ludwig Eduard Boltzmann, físico, químico, professor universitário, matemático e filósofo. Ludwig obteve seu doutorado em filosofia em 1866, se tornando professor em física e matemática na universidade de Graz em 1869, depois da transferência do professor Ernst Mach. Durante sua carreira em Graz, Boltzmann lamentava a falta de contato da Áustria com a comunidade científica internacional, criticando o isolamento e a falta de contato dos professores. Empreendeu uma viagem para Heidelberg na Alemanha em 1870, escrevendo seu primeiro livro em 1872, chamado “Estudos aprofundados sobre o equilíbrio termodinâmico entre moléculas de gás”.
Boltzmann construiu sua carreira num cenário em que a ciência estava em grande mudança com o estabelecimento da segunda lei da termodinâmica. Botzmann então entra no campo da termodinâmica estatística estendendo a teoria cinética com a lei de equipartição da energia das partículas pelos graus de liberdade, e calculando quantas partículas possuem uma determinada energia, originando a chamada distribuição de Maxwell-Boltzmann.
Ele demonstra que em um sistema termodinâmico, entropia (S) se relacionava com probabilidade (W), que depende do número de formas em que o sistema pode ser construído (ou seja, variações de estado) estabelecendo a relação como S = k.log(W) – conhecida como Equação de Boltzmann, onde k é a constante de Boltzmann.
Ludwig tinha um longo histórico de depressão que vem desde as críticas que sofria em Viena, sua cidade natal: seus estudos eram pouco reconhecidos e criticados pelos filósofos lógicos e positivistas, principalmente por ser um defensor da teoria atômica, que ainda era controversa na época (a teoria atômica só é melhor estabelecida com Rutherford em 1911). Mesmo com vários alunos e várias honrarias, muitos de seus escritos não são aceitos pela comunidade científica, o que agrava seu estado de saúde, acometido pela neurastemia, além de várias doenças como asma. Boltzmann morre em 1906 em Duino.
Cérebro de Boltzmann
Em 1997 Lawrence Schulman nos seus estudos teóricos de mecânica quântica propõe como exercício mental imaginar “consciências não humanas” que constituídas por cérebros incorpóreos, uma “mente pensante” que dura uma fração minúscula de tempo, oriunda apenas de organização da matéria de forma aleatória no universo. Em 2004, Andreas Albrecht e Lorenzo Sorbo nomeiam a hipótese em homenagem ao cientista: “Cérebros de Boltzmann” (ou “Paradoxo dos bebês de Boltzmann”).
O paradoxo vem da ideia de que “inteligência é necessária para contemplar o universo”: um universo que não abriga uma mente, em termos metafísicos, é um universo que “não existe”. Termodinamicamente, organismos poucos complexos (que não possuem órgãos, talvez “O Corpo sem Órgãos Deleuziano”?) seriam mais favorecidos pela alta entropia do universo: se o “objetivo do universo” fosse de “conceber consciência para testemunhá-lo” a forma de vida mais provável seriam de estados de consciência promovidos pela organização aleatória de matéria e energia no meio do espaço, algo que seria muito mais abundante e numeroso que toda forma de vida orgânica. Analogicamente, essas mentes seriam como “cérebros flutuantes” no meio do espaço.