Logos

Voltaire (pseudônimo de François Marie Arouet) foi um filósofo e escritor que viveu entre 1694 e 1778. Foi um dos principais pensadores do iluminismo francês, período marcado por questionar a autoridade da igreja católica e a liberdade de expressão.
Foi perseguido e preso, buscando refúgio na Inglaterra, onde suas ideias foram bastante influenciadas por John Locke. Futuramente, Voltaire, assim como Rousseau, vem a ser um grande influenciador a pensadores durante o período da Revolução Francesa, visto a duras críticas que tecia em relação ao absolutismo monárquico.
Dentro de suas várias obras, uma das mais conhecidas é a de Cândido (também chamada de o otimismo), uma obra que carregava grande teor cômico, irônico e satírico, fazendo um contraponto aos pensamentos do racionalista Leibniz, em uma das suas mais icônicas frases “vivemos no melhor dos mundos possíveis”
No livro, Cândido é ensinado pelo seu mentor Pangloss (representando Leibniz) a viver uma vida otimista: não importa o que acontecesse, tudo teria um motivo, e as coisas iriam pelo melhor caminho possível.
Cândido, então, leva uma vida onde é expulso de onde mora, separado de sua amada Cunegunda (a melhor das baronesas possíveis), preso, torturado, além de ver o seu próprio mentor, Pangloss, ser enforcado.
Apesar de tudo, Cândido tenta manter os ensinamentos do mestre, embora os acontecimentos a sua volta expressassem a dura realidade: por mais que ele sempre conseguisse desenvolver um raciocínio onde o mal que acontecia era justificado com coisas boas que vinham a ocorrer depois, os menos afortunados não concordariam com essa lógica: tudo podia no fim “ir bem” para ele, “o protagonista”, mas nem tanto para as pessoas que o rodeavam.
Ao fim do livro, seu mestre Pangloss retorna, tendo sobrevivido ao enforcamento, marcando o trecho final do livro:

— Todos os acontecimentos – dizia às vezes Pangloss a Cândido – estão devidamente encadeados no melhor dos mundos possíveis; pois, afinal, se não tivesses sido expulso de um lindo castelo, a pontapés no traseiro, por amor da senhorita Cunegunda, se a Inquisição não te houvesse apanhado, se não tivesses percorrido a América a pé, se não tivesses mergulhado a espada no barão, se não tivesses perdido todos os teus carneiros da boa terra do Eldorado, não estarias aqui agora comendo doce de cidra e pistache.


— Tudo isso está muito bem dito – respondeu Cândido, – mas é necessário cultivar nosso próprio jardim.

Reflexões

Com o conclusão de Pangloss de que “…não estarias aqui agora comendo doce de cidra com pistache”, como se isso fosse a recompensa de todo mal sofrido, Cândido responde que “é necessário cultivar nosso próprio jardim”, em contrapartida a ingenuidade de esperar um melhor dos mundos leibnizianos, é necessário tomar uma ação para criar um mundo melhor, visto que na visão de Voltaire, o pensamento de Leibniz evocava passividade e aceitação do mal, como algo que faz parte da vontade divina.

Referências:

  • Voltaire — Cândido ou Otimismo