Como introduzido no post anterior, aqui falarei um pouco mais sobre as baloptex, além de comentar os projetos futuros do site. Além das tirinhas, uma sessão com publicações literárias em andamento sera bem estruturada por aqui, por hora deixo um trecho do livro que introduz as baloptex no Universo Aquariano.
[…] Um ovo, quando eclodia, acabava sendo o ponto central de um universo, além de ser capaz de continuar dando a luz a filhotes de baloptex por bilhões de anos, até desaparecer de vez. Funcionava da seguinte forma: o ovo se chocava e um filhote saía à deriva nadando sem rumo pelo inerte líquido temporal-dimensional, enquanto esse mesmo líquido fazia com que o ovo retrocedesse segundos no tempo a fim de dar a luz a um novo filhotinho, e assim se repetia o ciclo até que a taxa de tensão temporal do ovo chegasse a zero e, finalmente, deixasse de existir. Um universo aquariano regular teria cerca de 100 trilhões de baloptex no exato momento em que o ovo desaparecesse.
As recém-nascidas baloptex eram um amontoado de pedras contornando um grande olho, com uma longa cauda luminosa de tom azulado que se esticava cerca de dez vezes o diâmetro de seu olho. Milhares delas nasciam em um curto período de tempo pelo grande ponto luminoso que era o ovo, cada um tomando rumo a direções diferentes de forma que todo universo seria homogeneamente infestado por essas criaturinhas. Quanto mais longe uma baloptex estava do centro do universo, mais velhas iam ficando. As rochas que circundavam o seu grande olho iam se desprendendo lentamente enquanto começavam a tomar novas formas, e se acoplavam ao seu corpo novamente, antes de ficar a deriva pelo espaço, além de sua cauda ficar mais comprida, maior e mais brilhante, deixando sua forma de girino de lado e dando forma de um disco ao redor de seu olho, formando alguma coisa que, provavelmente, seria sua cabeça.
Quando atingiam a fase adulta, localizavam se distante ao berçário dos baloptex, processo que leva cerca de milhões de anos. Transformaram-se em criaturas colossais de rocha muito semelhante às futuras baleias, sendo que muitos acreditam que as baleias nada mais são que sombras do ser colossal que um dia já foram, como parte de um elo perdido da evolução. O olho que era a única parte de seu corpo que se mantém do mesmo tamanho desde que nascera agora não era mais que um minúsculo ponto no meio de sua grande cabeça, circundadas por desenhos nas rochas de seu corpo que futuramente teriam a possibilidade de se tornar a origem de um idioma de sociedadezinhas de diversos planetas esquecidos. A lateral de seu corpo projetava longas nadadeiras com nódulos ligados por uma energia brilhante e azul, que era a mesma substância da cauda. Esse material de aspecto azulado também iluminava boa parte do seu corpo, através de arestas na pedra formando grandes desenhos por sua estrutura, sua cauda estava tão grande e brilhante que era possível ver pequenos fragmentos azulados se desprendendo de seu corpo, uma substancia conhecida como vividum.
A função inicial de uma baloptex era inicialmente esta, polinizar todo o universo com o vividum.[…]
[…] Toda essa homogeneidade entre essas colossais baleias terminava quando uma delas começava a apresentar sinais de velhice. Sua velocidade era lenta em relação ao resto da manada, a rocha que compunha todo seu corpo se rachava, sua cauda brilhava menos e começava a tomar um tom arroxeado tendendo ao vermelho. Um aspecto interessante era que o seu olho no meio da testa brilhava cada vez mais intensamente, até o dia de sua morte. Quando a primeira baloptex morreu, a última também havia nascido e o grande brilho do ovo apagado. A morte de uma grande criatura como esta é um fenômeno trágico, por ela ser capaz de viver bilhões de anos antes mesmo de alguém resolver contar o tempo. Com sua morte ela teria extinguido todo vividum que compunha a cauda e o interior de seu corpo, polinizando o universo enquanto sua carcaça rochosa virava pó. A única parte que restava era o olho, que brilhara tão intensamente quanto o início de sua velhice, quando havia começado a brilhar. O olho tornou-se um centro gravitacional, atraindo todas as partículas de vividum e grandes baloptex jovens e saudáveis rumo à morte em seu centro, num processo de canibalismo.
Quando um olho devorava o outro, consumia suas propriedades, aumentando a sua taxa gravitacional de forma que possibilite a formação de um astro maior. Algumas baloptex ainda relutavam para não serem capturadas pelo poder da gravidade, começando a girar ao redor do grande astro que ficava cada vez maior. Ele nunca mais poderia escapar do destino de ficar orbitando aquela baloptex morta, alimentaria o imenso astro com o vividum saindo de sua cauda até morrer e se tornar um astro que continuaria sua órbita em torno do que era o mais poderoso e havia consumido talvez centenas de baloptex diferentes. Assim se inicia a formação dos astros, tais como estrelas, galáxias luas e planetas. […]
As luas talvez tenham a origem mais interessante, podem ser um grande pedaço de pedra que se desprendeu do planeta e adquiriu propriedades gravitacionais, conhecida por lua desprendida ou ainda ser formados por uma baloptex morta, conhecida como lua balopiana.
Uma lua formada por um olho de baloptex é extremamente rara, visto que elas estão quase extintas, em aglomerados de galáxias já formadas. Além disso, uma baloptex resolve orbitar um planeta por vontade própria, podendo muito bem ter resistido ao seu campo gravitacional e continuar sua jornada sem sentido pelo universo. O motivo pela qual uma baloptex resolve abandonar sua trajetória original para ficar rodeando um planetazinho qualquer até a morte é desconhecido. O mais provável é que ela foi com a cara do planeta e acabou indo seu ao seu encontro simplesmente por ter gostado dele, semeando o planeta com o vividum que ainda resta em sua cauda.
O vividum é uma substância tão pura e simples que, quando entra em contato com alguma outra substância formando um planeta, ela reage instantaneamente e se transforma em outras substâncias, exalando algo chamado de gás de vividum, o que se acredita ser o que origina uma forma de vida em um planeta. Quando a baloptex morre, o planeta fornece um pouco de si para a recém-morta baleia de rocha, formando um satélite que orbitará aquele planeta por todo sempre. Curiosamente, planetas que possuíram um dia uma Baloptex como lua terão uma única lua por toda eternidade, e são os planetas mais propícios a desenvolver formas de vida. Acredita-se que essa relação entre lua e planeta ser a forma de amor mais antiga do universo aquariano, nem o próprio Observador conseguiu não se emocionar da primeira vez que testemunhou tal acontecimento em seu aquário.
Referências: