Baruch Espinosa foi um filósofo do século XVII foi o período de auge do racionalismo clássico, estando ao lado de importantes filósofos racionalistas da época, como René Descartes e Leibniz.
Foi excomungado por causa da subversão de sua filosofia, ao descrever em seu livro Ética a bíblia como uma escrita de caráter fantasioso, que suas passagens não deveriam ser levadas literalmente. Para Espinosa, Deus não era o juiz todo poderoso criado a semelhança do homem, conceito que era sintoma de um sistema político que usava a religião como arma de controle), tão pouco Deus estava acima do homem, numa relação hierárquica: o Deus de Espinosa é o mundo, a natureza, o universo em si, e também somos nós parte desse Deus que é o todo.
Parte da filosofia de Espinosa se propõe a questionar a natureza do corpo: o que é? O que pode ele? Também se questionava em relação a mente: esse relação mente-corpo foi definida por outros filósofos como Platão e o conceito de alma tripartida e Aristóteles, que via o corpo (órganon) como um instrumento, o receptáculo da alma: logo o corpo era inferior, apenas uma condição material para a consciência habitar.
Espinosa também subverte esse conceito, essa dualidade entre corpo e alma não nos serve: se Deus é tudo e somos parte dele, corpo e mente são um só: mente não é nada mais que uma potência de pensamento de um corpo com uma potência de ação. Então, como diria Deleuze sobre a filosofia de Espinosa, o “que pode o corpo?”. Segue com um poema abaixo de minha autoria, longe de responder a pergunta:
O que Pode o Corpo?
Sufocado e partido
Definido pelo que não me cabe
Trancado num plano imaterial
“O corpo apodrece;”
“Mas a alma é eterna”
Diziam eles
Estaria então fadado
A um eterno desencontro
Entre corpo e mente?
Preenchido de uma vazia profundidade
Estaria então restrito
A jamais viver nesse mundo
Viver em falsas realidades
Onde a alma fugiu do corpo?
Claro que não!
O que se vive está na pele;
Na superfície do ser
E não nas profundezas
Fora da vazia escuridão
Os estímulos me sobem pelos nervos
E afetam a minha razão
A razão desce pela mesma via
E afetam ao todo
O corpo pode pensar;
O corpo pode escrever;
O corpo pode pintar;
O corpo pode criar;
A estrofe acima
Poderia ter cem linhas?
Mil? Milhões?
Sim, poderia
Mas continuaria sendo uma gota
Tentando completar o oceano;
O oceano que pergunta:
O que pode o corpo?
O Mimitober é um evento promovido pela comunidade do canal Mimimídias, criando uma lista alternativa a “lista oficial” do Inktober, o que talvez seja o maior evento global na comunidade de ilustradores.
Nesse evento, em cada dia do mês de outubro é proposto um tema, uma arte por dia (seja um desenho, pintura, colagem, ilustração, poema…) o tema de hoje (dia cinco) corresponde ao tema “Corpo”, e não pude deixar de fazer uma homenagem ao Espinosa, que é tão divulgado pelo site do Razão Inadequada (que me serviu de base para a introdução desse post, estarei deixando os links para quem quiser saber mais sobre Espinosa nas referências).
Se quiser acompanhar mais do #Mimitober e outras artes, basta me seguir no Instagram (ou outra rede social).
Referências: