Logos

A origem do universo é algo em que a humanidade tenta compreender desde os primórdios, seja por meio de deidades, de forma filosófica ou de método científico. Isso começa na cosmogonia (especulações sobre a origem do universo através de mitos religiosos ou por pré-socraticos, como Tales de Mileto) que de forma generalizada diz que a existência do universo é precedida de um vazio, ou uma escuridão, por exemplo no caso do Caos, que precedeu o Tartarus na mitologia grega.

Uma abordagem “mais recente” seria a de Santo Agostinho, que indagado sobre as questões de “como Deus pode preceder o próprio universo?” concluiu que a tempo em si é própria criação de Deus, e que não havia um “antes” da criação do universo. isso veio de encontro com teorias futuras, com o trabalho sobre a relatividade de Einstein, que correlacionava massa com o tempo e sendo o ponto de singularidade do Big Bang possessor de toda massa da universo, onde o tempo praticamente estava “parado” antes da explosão acontecer.

No Guia dos Mochileiros das Galáxias há um trecho que narra bem o fato dos deuses surgirem “depois” do universo (além de dar uma breve introdução de universos paralelos, que é um dos sintomas da viagem no tempo):

 

“O Guia do Mochileiro das Galáxias teve, no que nós chamamos ridiculamente de passado, muito o que dizer sobre o universos paralelos. No entanto a maior parte desse conteúdo é incompreensível para qualquer um abaixo do nível Deus Avançado e, como já havia sido determinado que todos os deuses conhecidos tinham surgido uns bons três milionésimos de segundo após o início do universo e não, como costumam dizer por aí, uma semana antes, eles já têm muita coisa para explicar só por causa disso e não estão disponíveis para tecer comentários sobre temas profundos de física.”

Reflexões

Apesar de a origem do universo e a existência ou inexistência de Deus serem questões existentes na filosofia, é importante ressaltar pensamentos que vão além dessa compreensão. “Deus existe?”, “você acredita em Deus?”, será que essas são boas perguntas? Quais suas implicações, seus resultados? Independente de sua existência ou não, a presença de dogmas religiosos e as implicâncias de uma crença não seriam questões mais interessante de serem abordadas do que um valor metafísico? Talvez caminhar por essas vias nos induzam a um pensamento cíclico, uma armadilha filosófica, como um cachorro que eternamente está fadado a perseguir o próprio rabo

Um dos filósofos que aborda a questão da existência de Deus como não muito pertinente é Epicuro, mais conhecido pelo paradoxo de Epicuro. Ao se desapegar da questão de um ateísmo reativo, que categoricamente se esforça para afirmar a inexistência de deuses, Epicuro vai por um caminho, onde ele tenta abrir um questionamento se Deus é uma figura que valha a pena ser seguida.

Muito antes de Nietzsche, Epicuro já dizia que o “prazer vem do corpo”, abraçando a ideia do mundo material fundado pelo atomismo de Demócrito, fugindo das bases imateriais fundadas pelo idealismo de Platão. Um dos trabalhos mais importantes de Epicuro foi o Tetrapharmakos, onde ele descrevia “os quatro remédios” para se viver uma vida mais feliz. Nesse conceito, ele destaca seu princípio de imanência mais potente: viver uma vida sem temor aos deuses, que estão tão distantes do nossos mundo material, implicando em uma vida mais leve e prazerosa.

Como anexo de referência, coloco como recomendação o podcast do Razão Inadequada e seus textos, para quem se interessar em conhecer mais a visão epicurista. 

Referências: