Os querubins são denotados na mitologia cristã como o da primeira hierarquia celeste, os anjos protetores mais próximos de Deus. Embora sejam amplamente representados como bebês fofos com asas que parecem um repolho, os anjos no geral possuem aparência bastante intimidadora: no Livro de Ezequiel, os querubins são descritos como seres de quatro faces: humano, boi, leão e águia (que curiosamente no Tarot são os quatro pontos cardeais representados no arcano “O Mundo”), possuem dois pares de asas que envolvem seu corpo, seu corpo e asas eram repletos de olhos, seus pés eram de carneiro, e seu corpo emitia luz como brasa queimando.
Obviamente, tive minha licença poética para fazer minha representação de querubins, de forma que façam sentido (ou não) na história principal do Filósofo Psicodélico. e pra quem ainda está se perguntando o motivos do repolho, Querubim vem do hebraico Keruv (כרוב), que significa “envolver”, por serem os anjos que envolvem Deus. Porém um outro significado da palavra כרוב é “repolho”, dado sua característica de folhas que envolvem umas as outras, como asas de um Querubim.
o “Keruvin” se destaca como um personagem que desenvolvi como uma espécie de piada, um trocadilho com a o termo “keruv” (tal como “envolver” e como “repolho”). Numa visão inicial, seu conceito se embaralhava bastante a um serafim, com seis asas e muitos olhos. A referência direta ao propriamente dito repolho estava acima de sua cabeça, como um conceito que se sobrepõe ao próprio anjo.
Com o tempo, a ideia foi se maturando, seu sabor se apurou e se tornou mais “ácido” (tal como um chucrute fermentado, rico em probióticos).
Para planos futuros, espero inseri-lo na primeira HQ do Filósofo Psicodélico.
Existe uma semelhança imagética ao conceito das quatro cabeças do Querubim com o último arcano maior do Tarot: XXI – Le Monde. Tendo os quatro naipes dos arcanos menores em uma carta, O Mundo simboliza o todo, o fim da jornada, o completo. A figura no centro que lembra a Vênus simboliza a arquitetura da alma, a consciência. Os quatro naipes cardeais correspondentes representam:
Coupe — referente a Copas, representa o centro emocional, os sentimentos. É representado pelo anjo.
Épée — referente a Espadas, representa o centro intelectual, os pensamentos. É representado pela águia.
Deniers — referente a Ouros, representa o centro corporal, as necessidades. É representado pelo boi.
Bâton — referente a Paus, representa o centro sexual, os desejos, a criatividade. É representado pelo leão.
Le Monde; Tarot de Marselha por Jodorowsky e Camoin
Platão tem o seu conceito de homem dividido em duas partes: o corpo (matéria) e alma (mente), sendo a mente dividida em três partes: concupiscível (o desejo e prazer), irascível (autopreservação, cautela), e o racional. Alegoricamente, Platão se refere a essas três almas e o corpo no diálogo Fedro, descrevendo uma carruagem (corpo) dirigida por um cocheiro (razão) e guiada por dois cavalos: um preto (concupiscível) e um branco (irascível).
Não é difícil associar esses quatro elementos (um corpo e três almas) as cabeças do querubim (ou os animais do tarot). Também é possível fazer uma associação com a numerologia presente no tarot: “De quatro partes, três são quase iguais e uma é diferente. Das três, duas são mais parecidas” — ([1+2]+3)+4, ou também no exemplo platônico: ([‘concupiscível’ + ‘irascível’ ] + ‘razão’ ) + ‘corpo’.
Tanto as cabeças do querubim quanto a numerologia representam conceitos que podem ser facilmente encaixados em vários padrões, seja na história, na mitologia ou na própria natureza, mas vale ressaltar que são correlações feitas mais como teste e exercício de potência criativa do que como uma tentativa axiomática de explicar o funcionamento do universo.
Referências: